sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O interesse dos croatas em saberem acerca dos outros países

Para além do facto já por mim constatado acerca do interesse dos croatas em conhecerem línguas estrangeiras (e não estou apenas a falar das minhas aulas de português), outra coisa que também já constatei nos croatas é o interesse em saberem as diferenças da realidade de outros países. Já me foi perguntado se as estradas em Portugal são como as estradas na Croácia, se as escolas em Portugal são como na Croácia, se as praias em Portugal são como as (poucas) praias na Croácia, se em Portugal as pessoas também gostam de ter um carro melhor que aquilo que podem realmente ter dentro das suas possibilidades, se as gerações mais novas também vivem em casa dos pais aos 30 anos, e mais coisas do género.

domingo, 20 de novembro de 2011

Istra/Istria: uma região bilingue IV

Mais uma vez o assunto acerca do qual vou escrever está relacionado com o bilinguismo na Ístria.
Aquando da minha chegada foi com algum choque que soube da existência, naquilo a que em Portugal chamamos de Ensino Básico, de escolas italianas e escolas croatas. Senti que isso era sinal de alguma divisão entre as duas comunidades. Venho agora a confirmar que está longe de ser esta a realidade das coisas por cá. Uma amiga que é professora na Escola Elementar Italiana de Umag, e cuja primeira língua-mãe é o croata, tem o seu filho, com quem fala croata em casa, a estudar na mesma escola. A explicação dada foi esta: em casa falam sempre em croata, para o filho ser bilingue colocaram-no na escola italiana onde desta forma fala italiano quotidianamente e não deixa de aprender na disciplina de língua croata a que todas as escola é dada como obrigatória.

sábado, 19 de novembro de 2011

Tentativa de cozinhar receitas típicas II



Novamente a minha vez de cozinhar receitas típicas e decidi-me a fazer como sobremesa um Pão-de-ló à Antiga.
No entanto, quando fui ao supermercado comprar os ingredientes não consegui deixar de reparar num bolo italiano que estava em promoção chamado "Pandoro" e cuja imagem exterior é também semelhante ao nosso pão-de-ló (para além do nome). Ao experimentar este bolo italiano pude confirmar que de facto a estrutura é esponjosa como a do pão-de-ló mas o sabor é mais semelhante ao do brioche.
Uma outra variante desta bolo italiano é o "Panetone" que tem pepitas de chocolate acrescentadas e é típico da época natalícia, sendo também comum na gíria dos italianos dizer que determinado treinador vai ser um "Panetone" quando não se crê que consiga ficar no lugar até a meio do campeonato.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Uma planta chamada Rui


Dia de segunda aula de português e fui surpreendido por uma aluna (calma lá que é uma senhora de meia-idade) que me trouxe três folhas de uma planta autóctone da Ístria e me disse que o nome da planta é Rui.
Já não é a primeira vez que tenho uma surpresa devida ao meu nome, bastando procurar o significado do mesmo em línguas como o russo, polaco, checo, ucraniano e eslovaco.
Tive de tirar uma fotografia às mesmas folhas sobre uma folha de papel antes de as colar na mesma para depois afixar na parede do escritório.

Reconhecimento pelo trabalho dos voluntários


Dia 16 de Novembro foi dia de Dia Multidisciplinar na Escola Elementar Italiana de Umag. O evento foi organizado em conjunto pela escola citada, Comunidade Italiana de Umag, voluntários em Buje e voluntários em Brtonigla. O almoço desta vez não foi às 10:00 mas sim ás... 9:30!
As actividades organizadas em conjunto pelos alunos com a supervisão dos respectivos professores e os voluntários incidiram sobre o tema do voluntariado. Houve ainda tempo para os voluntários apresentarem os respectivos locais de origem tendo eu preferido mostrar uma apresentação de Coimbra que uma de Portugal.
No final foram dadas aos voluntários bandeiras dos respectivos países pintadas pelas crianças dos anos inferiores da escola (no sistema croata as escolas elementares abarcam alunos dos 6 aos 15 anos). Como podem ver na fotografia, a bandeira está longe de ser perfeita mas o que conta é a intenção.

domingo, 13 de novembro de 2011

Curiosidades acerca da língua italiana VII

Numa aula de italiano foi-me referido que a forma de passado mais usada no Norte de Itália é o "Passato (Indicativo) Prossimo" enquanto que no Sul de Itália a forma de passado mais usada é o "Passato (Indicativo) Remoto", tendo a pessoa que nos estava a ensinar dito que se deve usar o comum no Norte de Itália não só por este também comum no italiano da Ístria mas também porque não faz sentido usar-se o "Remoto" para coisas que aconteceram ontem. Ao ver no quadro a forma como se faz o "Remoto" não consegui deixar de ver a afinidade com a forma como os portugueses fazem o passado através do Pretérito Perfeito do Indicativo (usado entre nós mesmo para coisas que aconteceram há pouco tempo.
Vejam como se fazem as conjugações do verbo "Dormire" no "Passato (Indicativo) Remoto":

Io dormi
Tu dormisti
Lui/Lei dormì
Noi dormimo
Voi dormiste
Loro dormirono

E vejam agora como se conjuga o verbo dormir no Pretérito Perfeito do Indicativo:

Eu dormi
Tu dormiste
Ele/Ela dormiu
Nós dormimos
Vós dormistes
Eles/Elas dormiram

De novo no italiano, vejam a conjugação do verbo "Dormire" no "Passato (Indicativo) Prossimo":

Io ho dormito
Tu hai dormito
Lui/Lei ha dormito
Noi abbiamo dormito
Voi avete dormito
Loro hanno dormito

Isto cria alguma contradição na ideia que eu retive da minha experiência com os "dialectos" do Norte, confirmada pelos meus alunos de língua portuguesa, de que o português é mais parecido com os "dialectos" do Norte de Itália que com os dos Sul.

sábado, 12 de novembro de 2011

Curiosidades acerca da língua croata V

Tal como acontece com quase todas as línguas do mundo, exceptuando talvez o luxemburguês, o croata tem dialectos. Para além de ter por mim mesmo notado a quantidade de palavras italianas no dialecto croata da Ístria, uma outra coisa fiquei a saber nas aulas de croata. Para se compor uma frase no futuro há necessidade de para além do pronome pessoal se colocar o verbo "ici" (ir) como auxiliar conjugado com o respectivo pronome e depois colocar o verbo principal no infinitivo. O surpreendente é que no caso do dialecto de Zagreb o futuro se compõe de uma forma muito particular: ao pronome pessoal junta-se o verbo "biti" (ser, estar) no futuro como auxiliar e depois junta-se como verbo principal no... passado.

Misturar línguas

Já nalguns artigos falei no bilinguismo na Ístria. Desta vez não vou fazer exactamente isso.
O que vos vou relatar é algo mais pessoal. Já fiz referência ao facto de muitas vezes as pessoas por cá começarem uma frase em italiano e acabarem-na em croata, ou vice-versa, mas o que vos vou relatar é a mistura que eu já faço quando tento comunicar com as pessoas de cá e que muitas vezes não se fica pela mistura entre duas línguas mas sim se torna uma mistura entre 3 línguas: inglês, croata e italiano (sendo o croata tem uma minoria de palavras no meu discurso pelo difícil que é).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Visita a Trieste
















Fomos eu mais o meu colega italiano convidados pela directora do "Asilo Italiano" (cuja tradução correcta e não-literal para o português é "Jardim de Infância Italiano") para irmos no dia 10 de Novembro acompanhar uma visita promovida para as crianças a Trieste, cidade italiana cujos subúrbios vão até à fronteira com a Eslovénia. As crianças, que já nos conhecem de nos verem nesta "cidade" (na língua deles) de 5500 habitantes, foram bastante receptivas à nossa presença e no meu caso até me colocaram perguntas acerca de como se dizem algumas palavras em português.
A viagem de ida demorou cerca de uma hora com uma paragem na fronteira entre a Croácia e a Eslovénia onde todos tiveram de mostrar o passaporte.

Lá diferente de cá: a hora do almoço


Nesta fotografia podem ver um prato bastante comum por estes lados: o "Cevapcici" (é impossível escrever o nome correctamente num teclado português visto ser acentuados nos dois últimos "c"). O "cevapcici" propriamente dito são apenas os rolos de carne de vaca que se encontram no prato (têm uma forma semelhante aos croquetes mas são completamente diferentes, algo mais parecido com um hambúrguer mas em forma de rolo) e pode ser acompanhado por uma variedade de coisas, tendo neste caso sido acompanhado por batatas fritas.
O que se pode acrescentar à interpretação desta fotografia? Foi tirada no refeitório de uma escola italiana em Umag e o almoço é servido às... 10:00 (da manhã, para deixar as coisas ainda mais claras)! Quando fui convidado pelas pessoas na escola para comer alguma coisa, antes de me ter dirigido ao refeitório, a minha resposta foi que já tinha tomado o pequeno-almoço em casa. A resposta que eu tive foi a de que ninguém estava a falar do pequeno-almoço mas sim do almoço.
Outras notas a acrescentar à fotografia: as refeições tanto para os professores quanto para os alunos são totalmente gratuitas e tanto uns como os outros partilham o mesmo espaço para as refeições. Será alguma herança do socialismo da Jugoslávia?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

"Fare il portoghese"

Não, esta não é uma expressão italiana relacionada com a forma como se pode fazer um português (que de certeza é feito da mesma forma que os italianos). Esta é apenas uma expressão usada pelos italianos para o acto de calotear. Assim, o "portoghese" é o caloteiro!
Uma busca pela internet deu como fruto esta explicação acerca da origem desta expressão:

«Esta expressão “Fare ll portoghese” (Passar por português/ fazer de português) é um ditado italiano. Hoje em dia penso que não é muito utilizado, mas a maioria dos italianos conhece dita expressão… mas não conhece a verdadeira razão da existência de tal ditado.

É uma expressão em nada simpática, sobretudo porque utiliza como adjectivo uma nacionalidade, e neste caso a nossa.

“Fare il Portoghese” serve para referir-se aquelas pessoas que entram sem pagar em espectáculos, autocarros etc., isto é, uma forma do chamado “desenrascar”, tão cara a nós Portugueses… mas também Espanhóis, Italianos, Gregos… latinos, mediterrânicos e todos os povos periféricos ou do sul do mundo…

Algumas vezes fui presenteado com: “Sabes que aqui em Itália existe esta expressão??”. Ok! E???....

Verdadeiramente não me sentia confortável com tal referência, mas o engraçado foi quando soube a verdadeira razão deste ditado… afinal este ditado existe porque um belo dia...:

No século XVII, em Roma, o embaixador português no estado pontifício convidou os portugueses presentes em Roma a assistirem a um espectáculo grátis no Teatro Argentina. Para tal evento não havia bilhetes ou convites, bastaria então que um convidado declarasse a nacionalidade portuguesa que a entrada era livre.

Muitos romanos, para poderem assistir gratuitamente a tal espectáculo, apresentaram-se à entrada do teatro dizendo que eram portugueses.

Afinal foram os nossos amigos romanos os primeiros a “fazerem de portugueses”… Para nós a entrada já era grátis de qualquer maneira…»

Curiosidades acerca da língua italiana VI

Mais uma vez tenho os verbos a complicarem-me a vida quando falo italiano e mais uma vez o verbo "sapere"(saber) está metido nisso. A segunda pessoa do singular no Presente do Indicativo é "sai", tal como a terceira pessoa do singular do Presente do Indicativo do verbo português "sair".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Curiosidades acerca da língua italiana V

A terceira pessoa do singular na língua italiana está convencionada ser "Lui" no masculino e "Lei" no feminino. Acontece que ainda há quem diga "Ella" ou "Egli", o que é bastante semelhante com os pronomes portugueses "Ela" e "Ele" . Para o italiano padrão "Ella" e "Egli" são considerados arcaismos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Istra/Istria: uma região bilingue III

Início do mês foi dia de receber o dinheiro de bolso juntamente com o "subsídio de alimentação" na tesouraria da autarquia de Buje. Eu e o meu colega italiano assistimos a uma conversa dentro do gabinete (em que país é que eu costumava assistir a coisas destas nas horas de trabalho?) entre duas mulheres em que uma falava em italiano e a outra respondia em croata, e vice-versa. Não aparentavam qualquer desentendimento.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ensinar línguas


Desde há três semanas que me encontro a ensinar inglês em nível avançado na Universidade Aberta Popular aqui em Buje. Por minha própria iniciativa propus-me a abrir um curso de português. Os cartazes para afixar pela "cidade" já estão impressos e, segundo uma das responsáveis da instituição onde dou as aulas, já há pessoas interessadas em aprenderem português devido ao interesse que têm em perceber o que os actores dizem nas telenovelas brasileiras que vêem por cá.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Curiosidades acerca da língua croata IV

Tendo há uns dias atrás tido a oportunidade de treinar algumas frases em croata, a certa altura oiço alguém a dizer várias vezes a palavra "puta" e perante isso não resisti a perguntar pelo significado desta palavra em croata. Fiquei então a saber que esta é a palavra croata para "volta". Em sentido contrário, a palavra croata "kurva" tem tradução em português para "puta".
Será que está aqui alguma relação com expressões como "Vai mas é dar uma volta" ou "Vai mas é dar uma curva"?

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mais fotografias de Buje












Lá diferente de cá: ligações à terra


Uma das coisas por mim aprendidas no curso de técnico superior de segurança e higiene do trabalho foi o que é uma ligação à terra. Numa rua perto da rua onde vivo posso diariamente ver postes de iluminação com um tipo de ligação à terra que nunca vi em Portugal.