Quem pensa que em todos as línguas com escrita em alfabeto cirílico todos os caracteres são iguais está enganado. Na verdade é mais correcto falar em alfabetos cirílicos pois nalguns casos para o mesmo som existem diferentes caracteres de língua para língua (havendo casos de adopção de caracteres latinos).
O alfabeto cirílico arcaico possuía 44 letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ж, Ѕ, З, И, І, К, Л, М, Н, О, П, Ҁ, Р, С, Т, Ѹ, Ф, Х, Ѡ, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ꙑ, Ь, Ѣ, Ꙗ, Ѥ, Ю, Ѧ, Ѫ, Ѩ, Ѭ, Ѯ, Ѱ, Ѳ e Ѵ. Em cada uma das línguas eslavas, esse alfabeto foi modificado e padronizado de diferentes formas, de tal modo que não podemos falar em um alfabeto cirílico moderno padrão. O mais próximo disso que temos é o alfabeto russo, o mais difundido e importante dentre os cirílicos modernos.
No caso do alfabeto cirílico russo, a reforma ortográfica promovida por Pedro o Grande, o alfabeto russo deixou para trás os "yuses" (Ѫ, Ѭ, Ѧ, Ѩ) e quatro letras gregas que poderiam ser substituídas por pares cirílicos: ѕ (дз), ѯ (кс), ѱ (пс) e ѡ (o). Além disso, foram eliminados todos os diacríticos, exceto й. Ao longo do século XIX (oficializado na reforma de 1918), foram perdidas outras letras que subsistiam por motivos etimológicos e não fonéticos: ѳ (soava como ф), ѣ (soava como е), і e ѵ (soavam como и). Em paralelo, foram adicionados a letra э, para diferenciar do е palatalizado, e ё, para diferenciar /jo/ de /je/, levando o russo ao seu alfabeto de 33 letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ж, З, И, Й, К, Л, М, Н, О, П, Р, С, Т, У, Ф, Х, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ы, Ь, Э, Ю e Я.
O alfabeto búlgaro é igual ao russo, exceto pela ausência da letra Ы. O alfabeto bielorrusso troca И por І, não possui Ъ mas tem Ў e o apóstrofo ('). O alfabeto ucraniano não possui Ъ, Ы, ё, Э mas preservou І, Ї, Є e a forma com diacrítico Ґ.
O alfabeto cirílico sérvio, desenvolvido em 1818 pelo linguista sérvio Vuk Karadžić, possui diferenças mais expressivas. Karadžić reteve apenas 24 das letras eslavas (eliminando Щ, Ъ, Ы, Ь, Ю e Я, além das que foram eliminadas também no russo), adicionando a letra latina j e criando cinco novas letras: Љ (Л + Ь), Њ (Н + Ь), Џ (extraída do cirílico romeno), Ћ e Ђ (adaptadas do glagolítico).
Para adaptar-se às línguas não-eslavas, o alfabeto cirílico precisa lançar mão de recursos mais abrangentes, tais como:
- Ligaduras: uma ligatura ou ligadura é a fusão de duas ou mais letras em um novo glifo ou caractere. Uma ligatura pode ser apenas estilística, bem como pode gerar novas letras que representem sons específicos. Na escrita sérvia, duas letras foram criadas por ligatura: Љ e Њ, correspondentes aos dígrafos portugueses lh e nh.
- Dígrafos e trigrafos: outra maneira de representar novos sons é o uso de dígrafos, isto é, pares de letras que, juntas, representam um som diferente dos que representam as letras isoladamente. Por exemplo, o checheno, uma língua caucasiana, utiliza alguns dígrafos vocálicos, como аь (/æ/) e ёь (/jø/), além de dígrafos consonantais como гӀ (/ɣ/) ou хь (/ħ/). Nenhum desses sons existe nas línguas eslavas. Similarmente, um trígrafo é um conjunto de três letras que representam um novo som. O checheno possui o trígrafo рхӀ (/r̥/).
- Diacríticos ou acentos: são pequenos sinais colocados sobre, sob ou através de uma letra para modificar ou adaptar seu som. A língua bashkir utiliza sinais sob as letras similares a cedilhas, como Ҙ e Ҫ, para representar as consoantes fricativas dentais /ð/ e /θ/. A língua cazaque usa o У com um traço transversal (Ұ) para representar a vogal fechada arredondada /ʊ/.
- Novas letras: outra maneira de incorporar novos sons é incluir letras oriundas de diferentes alfabetos. Esse processo é relativamente pouco comum no alfabeto cirílico, mas exemplos disso são o Ӕ osseto, provavelmente originado da ligadura latina Æ, e o Ҩ da língua abecásia, que representa a consoante labiopalatal aproximante /ɥ/.
Do que pude observar nas duas viagens que fiz por países onde alfabetos cirílicos são oficiais é que em alguns é mais importante chegar-se com alguns conhecimentos destes alfabetos que noutros. Exemplificando, na Sérvia ou na Bósnia-Herzegovina a maioria das coisas estão escritas em alfabeto latino (não excluindo o facto de mesmo assim haverem locais onde este não se vê escrito em lado nenhum) mas na Bulgária e na Macedónia convirá bastante saber-se alguma coisa do alfabeto cirílico. O caso do Montenegro é peculiar pelo facto de aquando da independência o alfabeto latino ter sido adoptado para a língua montenegrina mas ainda haver muitas coisas escritas em alfabeto cirílico sérvio.
O alfabeto cirílico arcaico possuía 44 letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ж, Ѕ, З, И, І, К, Л, М, Н, О, П, Ҁ, Р, С, Т, Ѹ, Ф, Х, Ѡ, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ꙑ, Ь, Ѣ, Ꙗ, Ѥ, Ю, Ѧ, Ѫ, Ѩ, Ѭ, Ѯ, Ѱ, Ѳ e Ѵ. Em cada uma das línguas eslavas, esse alfabeto foi modificado e padronizado de diferentes formas, de tal modo que não podemos falar em um alfabeto cirílico moderno padrão. O mais próximo disso que temos é o alfabeto russo, o mais difundido e importante dentre os cirílicos modernos.
No caso do alfabeto cirílico russo, a reforma ortográfica promovida por Pedro o Grande, o alfabeto russo deixou para trás os "yuses" (Ѫ, Ѭ, Ѧ, Ѩ) e quatro letras gregas que poderiam ser substituídas por pares cirílicos: ѕ (дз), ѯ (кс), ѱ (пс) e ѡ (o). Além disso, foram eliminados todos os diacríticos, exceto й. Ao longo do século XIX (oficializado na reforma de 1918), foram perdidas outras letras que subsistiam por motivos etimológicos e não fonéticos: ѳ (soava como ф), ѣ (soava como е), і e ѵ (soavam como и). Em paralelo, foram adicionados a letra э, para diferenciar do е palatalizado, e ё, para diferenciar /jo/ de /je/, levando o russo ao seu alfabeto de 33 letras: А, Б, В, Г, Д, Е, Ж, З, И, Й, К, Л, М, Н, О, П, Р, С, Т, У, Ф, Х, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ы, Ь, Э, Ю e Я.
O alfabeto búlgaro é igual ao russo, exceto pela ausência da letra Ы. O alfabeto bielorrusso troca И por І, não possui Ъ mas tem Ў e o apóstrofo ('). O alfabeto ucraniano não possui Ъ, Ы, ё, Э mas preservou І, Ї, Є e a forma com diacrítico Ґ.
O alfabeto cirílico sérvio, desenvolvido em 1818 pelo linguista sérvio Vuk Karadžić, possui diferenças mais expressivas. Karadžić reteve apenas 24 das letras eslavas (eliminando Щ, Ъ, Ы, Ь, Ю e Я, além das que foram eliminadas também no russo), adicionando a letra latina j e criando cinco novas letras: Љ (Л + Ь), Њ (Н + Ь), Џ (extraída do cirílico romeno), Ћ e Ђ (adaptadas do glagolítico).
Para adaptar-se às línguas não-eslavas, o alfabeto cirílico precisa lançar mão de recursos mais abrangentes, tais como:
- Ligaduras: uma ligatura ou ligadura é a fusão de duas ou mais letras em um novo glifo ou caractere. Uma ligatura pode ser apenas estilística, bem como pode gerar novas letras que representem sons específicos. Na escrita sérvia, duas letras foram criadas por ligatura: Љ e Њ, correspondentes aos dígrafos portugueses lh e nh.
- Dígrafos e trigrafos: outra maneira de representar novos sons é o uso de dígrafos, isto é, pares de letras que, juntas, representam um som diferente dos que representam as letras isoladamente. Por exemplo, o checheno, uma língua caucasiana, utiliza alguns dígrafos vocálicos, como аь (/æ/) e ёь (/jø/), além de dígrafos consonantais como гӀ (/ɣ/) ou хь (/ħ/). Nenhum desses sons existe nas línguas eslavas. Similarmente, um trígrafo é um conjunto de três letras que representam um novo som. O checheno possui o trígrafo рхӀ (/r̥/).
- Diacríticos ou acentos: são pequenos sinais colocados sobre, sob ou através de uma letra para modificar ou adaptar seu som. A língua bashkir utiliza sinais sob as letras similares a cedilhas, como Ҙ e Ҫ, para representar as consoantes fricativas dentais /ð/ e /θ/. A língua cazaque usa o У com um traço transversal (Ұ) para representar a vogal fechada arredondada /ʊ/.
- Novas letras: outra maneira de incorporar novos sons é incluir letras oriundas de diferentes alfabetos. Esse processo é relativamente pouco comum no alfabeto cirílico, mas exemplos disso são o Ӕ osseto, provavelmente originado da ligadura latina Æ, e o Ҩ da língua abecásia, que representa a consoante labiopalatal aproximante /ɥ/.
Do que pude observar nas duas viagens que fiz por países onde alfabetos cirílicos são oficiais é que em alguns é mais importante chegar-se com alguns conhecimentos destes alfabetos que noutros. Exemplificando, na Sérvia ou na Bósnia-Herzegovina a maioria das coisas estão escritas em alfabeto latino (não excluindo o facto de mesmo assim haverem locais onde este não se vê escrito em lado nenhum) mas na Bulgária e na Macedónia convirá bastante saber-se alguma coisa do alfabeto cirílico. O caso do Montenegro é peculiar pelo facto de aquando da independência o alfabeto latino ter sido adoptado para a língua montenegrina mas ainda haver muitas coisas escritas em alfabeto cirílico sérvio.
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