terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O povo sérvio I

O que dizer deste povo que ficou tão mal afamado com as guerras na Ex-Jugoslávia? Bastante amigável e hospitaleiro!
Encontrava-me em Banja Luka acabado de chegar à estação rodoviária e depois de levantar marcos conversíveis numa caixa ATM dirijo-me a um autocarro e pergunto ao motorista qual o preço do bilhete, ao que o motorista me responde bastante depressa. Vendo depois que eu não tinha percebido, aponta o dedo para uma placa com o preço indicado (1,60KM, cerca de 0,80€). Mostro-lhe uma nota de 50KM e tento-lhe dizer que não tenho mais pequeno. O motorista pede-me para o acompanhar a uma padaria onde trocam o dinheiro por algo mais pequeno, e depois de feito o troco lá fui no autocarro até quase à porta do hostel.
Num café pertença do hostel onde me encontrava a dormir para pagar a estadia no dia em que cheguei a esta cidade. A mãe do dono do hostel diz-me para eu pagar no dia seguinte. Eu insisto em pagar no momento afirmando ter já marcos conversíveis disponíveis. A mulher insiste em que eu pague apenas no dia seguinte. Assim estava eu no dia seguinte no mesmo café para fazer o pagamento. Feito o mesmo, eis que uma pessoa que estava sentada no balcão me pergunta pelo país de origem e a partir daí gerou-se uma conversa de 3 horas na qual fui bebendo algumas cervejas. Esse cliente sai do café e poucos minutos depois sigo-lhe o exemplo, perguntando ao empregado de balcão pela conta e tendo a seguinte resposta: "Qual conta?". Respondo-lhe que é a conta das cervejas que bebi, ao que o empregado me responde que o outro cliente me pagou as cervejas. Deixo ao empregado um recado ao outro cliente para enviar o devido agradecimento.
Mais tarde dirijo-me para um "take-away" de comida grega (o tal onde vi os palitos do Pingo Doce), e tendo iniciado o pedido em croata vejo-me a certa altura com necessidade de falar em inglês, língua que a senhora que estava a fazer o atendimento não dominava. Aparecem então uns clientes do fim da fila para me ajudarem. O mesmo se passou no dia seguinte num outros "take-away", mas desta vez de Cevap.
Noutra cidade, Novi Sad, vejo-me a procurar o hostel onde iria dormir. O alojamento situava-se dentro de um edifício residencial em plena praça principal da cidade. Chegando ao piso onde era o suposto hostel, deparo-me com uma porta com a luz acesa e pensando tratar-se da recepção do hostel abro a porta. Pouco depois de aberta a porta deparo-me com pessoas sentadas no sofá e chego à conclusão de que se trata de uma casa privada. Embaraçado pelo facto de ter entrado assim numa casa privada, peço desculpas não sei quantas vezes e vou-me embora. A senhora que lá estava vem ter comigo no corredor e pergunta-me algo em sérvio, ao que eu lhe respondo se fala inglês. A senhora falava de facto um pouco de inglês, e eu explico-lhe que estava à procura de um hostel naquele piso e mostro-lhe a morada no papel da reserva. A senhora indica-me a porta certa e bate à porta e perante o facto de ninguém responder de dentro, propõe fazer um telefonema ao dono da casa, ao que eu respondo não ser necessário por ter o número dele na reserva e ter crédito no telemóvel. A senhora pergunta-me então se eu não quero ficar na casa deles à espera do dono da casa ao lado, ao que eu respondo não ser necessário deixando o devido agradecimento. Não obtendo resposta da chamada que tentava fazer, a senhora dirige-se ao interior da casa e pouco depois volta da mesma com um telefone fixo portátil estando o vizinho no outro lado da linha. O vizinho diz-me então que estará lá em 45 minutos, e de facto estava lá em... 35 minutos.
Entrado na casa, constato que afinal em vez de ter uma cama para mim tenho um quarto inteiro para mim pelo mesmo preço. Mostrando o dinheiro para fazer o pagamento, o dono da casa diz-me que o posso fazer no fim, mas eu insisto em o fazer no momento. Depois de informações dadas sobre a cidade, sou convidado a sair com ele mais uns amigos para beber uns "copos" e na altura em que vou para pagar as minhas cervejas eis que fico a saber que o aniversariante que se encontrava no grupo me pagou as cervejas todas. No dia seguinte a mesma saída nocturna, mas desta vez fui eu quem pagou cervejas aos outros.
Uma localidade próxima de Novi Sad que o dono da tal casa me aconselhou a visitar foi Sremski Karlovci. Fui então apanhar o autocarro para lá ir e eis que quando chega o autocarro me vejo como que uma almofada no meio de tanta gente junto à porta de entrada, de tal forma que apenas na paragem anterior me vejo a poder usar os braços para fazer o pagamento do bilhete indicando ao motorista que pretendo um bilhete para Karlovci no sérvio possível. A resposta é dada num sérvio nativo que por não o conseguir perceber me faz perguntar ao motorista se o mesmo fala inglês, ao que a resposta foi "small". Explico-lhe então que subi ao autocarro em Novi Sad para ir a Karlovci e pergunto-lhe quando é o bilhete, ao que o motorista me devolve a nota que lhe tinha dado e me responde "OK, no problem" e chegando à paragem de destino me indica o centro da localidade.
Já na cidade de Belgrado sou recebido no hostel onde ia dormir com uma caneca de café turco e um copo de "Slivovica" (lê-se algo como "Slivóvitsa"), uma bebida alcoólica típica destas paragens com elevado grau alcoólico.
Saindo de Belgrado em direcção a Ljubljana, vejo-me com problemas para arranjar bilhete para a camioneta. Não sabendo nenhum dos dois condutores presentes inglês, sou ajudado por um montenegrino (a identidade étnica deste povo está longe de ser consensual entre os próprios montenegrinos, havendo muitos que se consideram etnicamente sérvios) que me informa que no caso de haverem lugares disponíveis ainda na camioneta eu poderei comprar o bilhete a bordo e informando-me dos respectivos valores.

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