Depois de quase uma semana desde que pisei o pavimento da estação rodoviária de Coimbra lá me deu vontade para escrever este post. Não é fácil. As saudades dos amigos que se fizeram a milhares de quilómetros de distância já são grandes. Ainda há duas semanas atrás ouvia os agradecimentos das pessoas a quem ensinei (ou tentei fazê-lo) português, as despedidas das pessoas que comigo privaram no local de trabalho, recebia prendas que seriam para recordar a minha presença por lá (uma delas tive de dizer educadamente que não poderia levar por não mais espaço nenhum na bagagem para a mesma e até tive de deixar algumas coisas prometendo fazer uma visita num futuro não muito longínquo).
O projecto que eu acabei não se pode dizer que tenha sido excelente e tudo tenha sido um mar de rosas e facilidades. O estado croata é bastante ineficiente a tratar de burocracia, os serviços por lá são de baixa qualidade (principalmente os transportes), os istrianos (não me referi aos croatas como um todo em relação a isto) não são as pessoas mais hospitaleiras e sociáveis do mundo quando comparados com os balcânicos (embora o sejam mais que os seus vizinhos da Eslovénia ou do Norte de Itália). Nem sempre houve apoio da parte da organização de acolhimento. Dentro da casa onde vivia não havia grande socialização e diálogo entre os voluntários devido a atritos cuja origem é anterior à minha chegada.
Mas por outro lado, vivi um ano sem nenhum dos meus progenitores, conheci pessoas que me fazem sentir já saudades, o meu trabalho na Universidade Popular Aberta era reconhecido (o que raramente me aconteceu em Portugal). As pessoas que da comunidade que me envolvia procuravam saber bastantes coisas acerca de onde eu vim e se no local de onde vim a coisa x ou y se faziam como lá.
Retornado a casa (custa-me dizer que retornei a casa preferindo eu dizer que retornei ao local de onde vim), sou mais um jovem licenciado no desemprego com futuro incerto, desmotivado pelas constantes más notícias acerca das finanças da República Portuguesa, a ter de viver com a mãe não por o desejar mas por não ter outra forma de ser.
Enfim, não quero escrever mais sobre isto.
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