domingo, 2 de setembro de 2012

As peripécias de obter um registo criminal

Estando já a pensar em projectos futuros, e estando de olho num projecto noutro país para o qual me pedem o registo criminal na Croácia com tradução certificada para o inglês, lá fui eu tratar de o obter. Mas por cá parece que ninguém sabe como obter tal coisa. Falei com a minha senhoria que trabalha no tribunal e me disse para lá estar no dia seguinte de manhã e perguntar por ela. Lá o fiz, tendo a mesma me reencaminhado para uma colega que perante a questão me disse para ir à esquadra da polícia, na qual uma hora depois de esperar, e de não sei quantas perguntas acerca do que se trata tal coisa entre colegas a trabalhadores na esquadra, me disseram que não faziam nada disso e que teria de ir ao Ministério da Justiça em Zagreb. De notar que em nenhum dos locais eles pareciam saber o que é um registo criminal nem mesmo quando eu especificava que preciso de um documento onde é constatado que não tive qualquer problema com a polícia.
Lá voltei eu ao tribunal para lhes perguntar onde afinal se trata disso. A senhora da tal secretaria 10 lá me disse que me faria uma carta com o pedido em croata para o enviar depois a Zagreb. Quando me é questionado o motivo porque preciso do documento eu bem que especifiquei que é o mesmo necessário para me candidatar para um programa de voluntariado noutro país chamado "Teach and Learn with Georgia", precisamente na Geórgia. Concluída a carta e depois de me ser fotocopiado o visto, a primeira página do passaporte e a folha com o OIB (o número único dos croatas) me disse a mesma para eu enviar a papelada toda com um selo fiscal de 40kn (cerca de 6 euros) por correio (mais 3,10kn para expedir) para o endereço do Ministério da Justiça acrescentando que em 3 dias estaria o documento em casa.
Duas semanas passaram sem receber nada eu ou os meus senhorios pelo que voltei ao tribunal para perguntar o porquê, depois de ter contado a situação a uma aluna minha de português que me disse conhecer uma juíza desse tribunal e depois de esta mesma aluna ter gasto cerca de 10 minutos de chamada por telemóvel para a mesma (por iniciativa dela) e de no outro lado da linha a tal amiga juíza me ter dito para perguntar por ela na recepção às 8:00 da manhã do dia seguinte. Chegado no tal dia seguinte à tal recepção é-me recusado falar com a pessoa em causa tendo sido dito pela recepcionista que a mesma nada tem a ver com estes assuntos. Sou encaminhado de novo para a secretaria 10, local onde me dão a mesma resposta no que a falar com a juíza diz respeito.
A senhora da tal secretaria 10 depois de telefonar para Zagreb lá me diz que eles precisam de saber o motivo porque preciso do tal documento. Lá me enervei ao dizer-lhes que isso foi especificado por mim na primeira vez que lá estive tendo a tal me respondido que na carta (escrita por ela) só está escrito que é para procurar emprego, ao que a senhora acrescenta que me está a fazer um favor pois é ilegal fazer este documento a um estrangeiro para alguma coisa no estrangeiro e que só faz o favor por causa da colega dela que é minha senhoria. Eu respondo-lhe então que se isto é ilegal me deveriam ter dito antes de eu gastar dinheiro com papeladas e envio de correspondência, de modo a informar os georgianos acerca disso e ver a resposta deles.
A mulher lá me disse que lhes enviaria por fax o motivo do pedido. Assim que chega a altura de meter o nome do país vem o "só visto poque contado ninguém acredita". É-me perguntado pela senhora em que região fica a cidade da Geórgia, ao que lhe digo (incrédulo com a pergunta) que a Geórgia é um país. Lá vai a mulher pesquisar no Google acerca de tal país quando no primeiro clique abre uma página sobre o estado da Geórgia nos EUA e perguntando se se trata desse país. Respondo-lhe então que a Geórgia da qual lhe falo é um estado independente que fazia parte da União Soviética. Lá foi a mulher pesquisar outra vez no Google e finalmente lá se deu com o país, tendo-me perguntado pelo nome da cadeia montanhosa no norte do país, ao que lhe respondo que se tratam do Caucaso. A senhora vê o nome croata "Kavkaz" para essa cordilheira e decide escrever que o país se trata da "Georgia Kavkaz" tendo eu feito ver à mulher o quanto não tem sentido acrescentar o nome dessa cordilheira ao nome do país pois seria como chamar ao país dela de "Croácia Balcãs". É então que um colega sugere que se meta "Georgia, Rusija" ao que lhe respondo, cada vez mais incrédulo, que isso seria como escrever que o país deles é a "Croácia, Sérvia". De notar que em nenhuma das sugestões o nome da Geórgia era escrito em croata ("Gruzija").
Depois de finalmente se terem decidido a chamar o país pelo seu nome em croata é-me dito pela senhora para ir um pouco para fora da secretaria que seria chamado depois de novo. Passados uns minutos lá me vem a senhora dizer que já enviou o tal fax para Zagreb e que o tal documento será feito naquele dia e chegará ao meu correio no dia seguinte.   
No dia seguinte, nada. Dois dias depois lá me chega a casa, depois das 16:00, um papel amarelo dos correios com a mensagem de ter de ir a partir das 17:00 daquele dia à estação dos correios levantar uma carta que ficaria nos correios até ao fim do dia seguinte. Como não me encontrava nesse momento em casa, fui na manhã seguinte aos correios. Tratava-se de facto de uma carta do Ministério da Justiça mas assim que a abro vejo que o texto na folha enviada é bastante curto e desconfiando de não se tratar do que esperava lá uso o Google Translate para o traduzir para o português, o qual mesmo traduzido com erros deu para perceber que me perguntavam pela terceira vez acerca do motivo porque preciso do documento. Para tirar qualquer dúvida dirijo-me a uma minha amiga (croata) para o traduzir para inglês. A tradução para inglês era realmente não muito divergente da tradução para português dada pelo Google Translate. Lá me enervei e disse a essa pessoa que ia fazer uma digitalização do papel e relatar o atrofio burocrático em todos os sítios da internet possíveis com a afirmação de ser a Croácia um país do Terceiro Mundo.
Lá me dizem para me acalmar e falar com o presidente da Câmara. Eu relato-lhe a situação e acrescento que, mesmo que receba o documento antes de partir de novo para casa, dificilmente poderei obter a tradução para inglês certificada necessária. O presidente da Câmara pode então à secretária para telefonar para o Ministério da Justiça em Zagreb que depois de uma espera de alguns minutos é informada de que a carta com o certificado foi enviada no dia anterior (o mesmo em que recebi o tal papel amarelo para levantar nos correios a terceira questão relativa ao motivo) e lhe informam que o papel a informar da necessidade de explicar o motivo foi enviado por já estar para o ser há algum tempo (mas mesmo assim foi enviado já depois de a tal senhora da secretaria 10 ter enviado por fax o motivo da necessidade do mesmo documento, o que significa que só foram fazer perder tempo a eles e a mim não mandando logo o tal documento). A secretária do presidente da Câmara lá pede a eles para enviarem uma cópia por fax de forma a adiantar a tradução. Lá o fizeram, tendo depois a mesma secretária telefonado para uma tradutora certificada para o inglês a viver em Plovanija, uma localidade onde há uma fronteira com a Eslovénia, de modo a ser feita a tradução. A tradutora respondeu que a poderia adiantar mas só a poderia entregar mediante apresentação do original.
Na manhã do dia seguinte lá fui eu à estação de correios perguntar se havia lá alguma carta com o meu nome. Perante a resposta negativa à questão colocada pela funcionária sobre se eu tinha o tal papel amarelo para levantar alguma coisa, é-me recusado fazer isso apenas pelo nome. De nada me valeu especificar que se trata de algo que tenho urgência em ter nas mãos. Relato o sucedido na Câmara Municipal e lá arranjam alguém para ir à estação dos correios tentar o mesmo. Coisas de terra onde todos conhecem todos, à tal senhora que para lá foi mandada pelo presidente da Câmara foi-lhe disponibilizada a informação que uma carta foi enviada para o meu endereço uns minutos antes. Recebida a informação por mim, lá fui eu andar 15 minutos até casa para bater à porta do meu senhorio a perguntar se havia alguma carta para mim. O senhorio lá tinha sido contactado previamente pela Câmara Municipal acerca disso e já a tinha de facto recebido. Finalmente com o documento em mãos, dirijo-me de novo ao edifício da Câmara Municipal onde é mandada uma senhora conduzir o carro da Câmara Municipal para me levar até à tradutora e finalmente ter tudo o que precisava tratado.
 

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