sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Tratamento dado pelos sérvios aos outros ex-jugoslavos

Poder-se-à ser levado a pensar, quem nunca esteve na Sérvia, que os sérvios tratarão mal as pessoas vindas dos outros estados formados com o fim da Jugoslávia ou pelo menos olharão para as mesmas de lado. Mas a realidade que pude observar aquando da minha primeira passagem pela Sérvia em Dezembro de 2011 e a minha permanência actual neste país é bem contrária a essa ideia.
Hóspedes croatas têm sido bastante bem recebidos e geralmente os donos dos hostels conversam mais com eles que com hóspedes de outras nacionalidades que se encontrem presentes. Pude observar isso não só no hostel onde me encontro a trabalhar mas também num outro hostel onde dormi uma vez por duas noites em Belgrado. Há algumas semanas atrás a mesma situação se deu com dois hóspedes turcos do Kosovo, pese embora eu não acredite que o mesmo se passasse se em vez de serem turcos fossem albaneses.

Sérvio e croata ou serbo-croata? IV

Os nomes para os meses do ano são um dos aspectos em que os croatas e os sérvios mais divergem. Nenhum dos meses tem um nome sequer semelhante em ambas as línguas, como se poderá ver no seguinte esquema (com o nome croata primeiro seguindo do correspondente em sérvio:
 
Sijecanj - Januar
Veljaca - Februar
Ozujak - Mart
Travanj - April
Svibanj - Maj
Lipanj - Jun
Srpanj - Jul
Kolovoz - Avgust
Rujan - Septembar
Listopad - Oktobar
Studeni - Novembar
Prosinac - Decembar
 
Como se pode ver, para um português os nomes dos meses em sérvio são mais fáceis de decorar. No entanto, na Croácia o mais comum é as pessoas chamarem os meses pelo seu número no calendário que propriamente pelo nome próprio.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reacções à libertação dos generais croatas

Há pouco mais de uma semana atrás foram libertados dois generais croatas que haviam sido condenados em Haia por crimes de guerra cometidos contra sérvios durante a guerra de 1991-1995 na Croácia.
As reacções na Sérvia não foram muito explosivas mas é geral um sentimento de injustiça e de falta de imparcialidade por parte do mesmo tribunal. O governo anterior fez um esforço para prender os sérvios acusados de crimes de guerra tanto na Bósnia-Herzegovina como na Croácia de modo a mostrar boa vontade numa aproximação à União Europeia. Estas libertações aconteceram pouco depois de os sérvios terem votado para o governo num candidato que teve um discurso crítico em relação às detenções dos procurados pelo tribunal de Haia, e os sérvios não acreditam que tenha sido apenas uma coincidência.
Entre os donos do hostel onde me encontro a viver e a trabalhar as opiniões são ambas de condenação da libertação destes dois generais, pese embora não expressem as mesmas com a mesma emotividade. Tratam-se de dois irmãos de origem montenegrina mas que se consideram sérvios e enquanto o mais velho se sente revoltado pelo sucedido, e até tirou do seu grupo de amigos no Facebook uma croata que escreveu um comentário de regozijo pelo sucedido, o mais novo diz que não o surpreende que tal tenha sucedido e afirma ser esta uma forma de fazer dos sérvios os únicos responsáveis pelo sucedido nas guerras da Ex-Joguslávia.

O povo sérvio II

Já tinha feito um artigo acerca do povo sérvio aquando da minha primeira visita à Sérvia e à Republika Srpska na Bósnia-Herzegovina (há 11 meses atrás) no qual elogiei bastante a hospitalidade do mesmo. Agora faço um outro artigo acerca do mesmo povo mas a partir da visão dos proprietários do hostel onde me encontro a trabalhar e a viver (ambos sérvios).
Então aí vai: eles não gostam de todo dos seus compatriotas. Uma das indicações que já me foram dadas foi a de sempre que baterem à porta sérvios a perguntarem se há camas disponíveis a resposta a dar ser a de que o hostel está cheio e não há mais nada disponível. Pelo que me foi dito pelos mesmos, sempre que vêm sérvios ao hostel há problemas. Outra afirmação que fazem em relação aos seus compatriotas é a da falta de inteligência dos mesmos e não é incomum afirmarem ser esta a causa do estado em que o país está desde que há mais de 30 anos atrás morreu o Marechal Tito.

domingo, 25 de novembro de 2012

Em Timisoara, Roménia

Tendo todas as camas do hostel onde trabalho e vivo alugadas para 3 noites seguidas só me sobrou a mim e ao meu colega bósnio a opção de dormir nessas 3 noites seguidas nos sofás da recepção. Não me achando capaz de tal coisa por 3 noites seguidas, decidi passar 2 dessas noites na cidade romena de Timisoara.
Depois de uma viagem que começou às 4:30 da manhã e feita numa carrinha de uma agência de viagem que faz percursos entre Belgrado e Timisoara em ambas as direcções (a linha de comboio entre Belgrado e Bucareste que passa por Timisoara está encerrada e não há boas alternativas por transportes públicos), dirigi-me ao Hostel Costel por ter no hostel onde trabalho flyers promocionais com desconto para esse mesmo hostel. O hostel estava completamente cheio mas reencaminharam-me para o Freeborn Hostel prometendo-me o dono do primeiro hostel que se fosse dormir na noite seguinte no Hostel Costel não pagaria nada pelo facto de trabalhar também num hostel.
A noite no Freeborn Hostel foi passada a fazer jogos de beber com cerveja e shots de palinca (uma bebida alcoólica bem forte) de uma garrafa produzida pelo pai do dono do hostel.  
A noite no Hostel Costel começou comigo a ser convidado por um grupo de suíço a um jantar de fondue. Cumprindo aquilo que esses mesmos suíços disseram ser uma tradição deles, os cozinheiros cozinharam completamente nus apenas com o avental a tapar. Depois de um jantar de fondue foi altura de ir a um bar onde ia haver um concerto de uma banda qualquer. Depois de pagar a entrada, reparei que não tinha mais lei romenos na minha carteira. Perguntaram-me se queria consumir alguma coisa, ao que tive de responder que não podia porque não tinha mais lei (moeda romena) comigo para pagar as bebidas. Passado um bocado aparece-me uma cerveja na mão (de nome Silva) oferecida por uma outra pessoa do grupo que veio connosco e ao tentar-lhe reembolsar o valor da mesma em euros responde-me que não quer ser reembolsado. Passados alguns minutos recebo uma outra cerveja (também de nome Silva) na mão sem ter pedido nada e ao tentar reembolsar mais uma vez em euros recebo uma recusa acompanhada por um estalo na cara por parte de uma rapariga romena (e não cigana) seguido pela seguinte afirmação: "Se um romeno te quer oferecer alguma coisa nunca lhe tentes pagar ou recusar a oferta". E assim continuou a noite... e já agora, não tentei reembolsar mais ninguém pelas cervejas que me iam oferecendo.
Já agora, a palavra romena para laranja é "portocale".

 

O hábito das apostas entre os ex-joguslavos

Uma característica em comum que encontrei nos croatas e nos sérvios é o hábito de apostar, principalmente quando o objecto dessas mesmas apostas são os jogos de futebol. Este hábito parece não escolher idades, habilitações literárias ou camada social.
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Curiosidades acerca da língua sérvia I

É normal em muitas línguas eslavas os nomes serem declinados consoante os casos. Assim Rui no caso nominativo será sempre Rui mas noutros casos poderá ser declinado para Ruia, Ruiem ou Ruiu (como acontece no croata). Os sérvios vão mais além e um nome estrangeiro ao ser escrito nas legendas de um filme, por exemplo, tem toda a ortografia convertida para as regras da ortografia latina da língua sérvia (que inicialmente tinha apenas ortografia cirílica) como por exemplo Harry passar a Heri (caso nominativo) ou Jerry passar a Djeri.

Sérvio e croata ou serbo-croata? III

Considere-se ou não que o sérvio e o croata são dialectos de uma mesma língua, a verdade é que por vezes os falantes de cada um dos lados da fronteira usam palavras diferentes para a mesma coisa. Um exemplo disso é a palavra para pão que em croata é "kruh" enquanto em sérvio é "hleb".

domingo, 18 de novembro de 2012

"Palacinka"

É nada mais nada menos que um crepe. O nome sérvio pronuncia-se "Palatchinka". O crepe é sempre servido enrolado e o recheio interior do mesmo pode ser feito com "marmelada" (que nada tem a ver com aquilo a que os portugueses chamam de marmelada mas antes é mais algo tipo doce de fruta), como é o caso na fotografia abaixo, chocolate ou recheios salgados.

 

Culinária para desenrascar XVI

O que fazer quando se tem disponíveis ovos, cebola, alho francês, batatas e algum arroz para além de cerveja que ninguém quer? Fritam-se as batatas em rodelas e coze-se o arroz em cerveja juntando depois rodelas de cebola e alho francês. Depois mete-se tudo isso numa sertã e batem-se 3 ovos que depois de batidos são deitados na sertã. O resultado é uma mixórdia mas das boas.

 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sérvio e croata ou serbo-croata? II

No dia em que cheguei ao hostel no qual trabalho (mas não muito) desejei bom apetite a um dos donos do mesmo através da expressão "Dobar tek". A pessoa em causa não levou o uso da mesma a mal e até me agradeceu pela mesma mas informou-me de seguida que esta expressão é comum na Croácia e partes da Bósnia-Herzegovina mas a mesma não é utilizada pelos sérvios que dizem neste caso "Prijatno".

Colorir o cinzento

Belgrado é conhecida por ser uma cidade algo cinzenta, não por causa dos seus habitantes mas antes pela sujidade e falta de pintura da grande maioria dos seus edifícios. No entanto, algumas pessoas têm ideias para colorir um pouco mais os edifícios como se poderá ver na imagem seguinte.

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Um casamento na Sérvia

É bem possível que nem todas as famílias sérvias tenham dinheiro para fazer casamentos destes mas não acredito que em muitos sítios se chamem filarmónicas (que neste caso parece que vieram do Líbano) para tais eventos, como se pode ver na seguinte fotografia tirada numa igreja perto do hostel onde trabalho.


 

Culinária para desenrascar XV

O que fazer quando nas prateleiras do armário só se tem arroz e cenoura, e no frigorífico se tem polpa de tomate e um pimento vermelho? Faz-se o que se pode ver na fotografia.

 

domingo, 11 de novembro de 2012

O tema União Europeia

Das antigas repúblicas da Jugoslávia, uma é parte da União Europeia desde 2004 (Eslovénia), outra será parte da mesma em 2013 (Croácia) e outra tem o estatuto de país-candidato (Macedónia).
O governo anterior da Sérvia fez esforços no sentido de uma aproximação à UE com vista a uma possível futura adesão (uma das condições foi a prisão de todos os sérvios acusados de prática de crimes de guerra durante as guerras na Ex-Jugoslávia e a mesma foi cumprida). No entanto, entre a população da Sérvia a ideia de aderir no futuro à União Europeia está longe de ser popular como se poderá constar não só no que dizem os cidadãos no seu dia-a-dia mas também através de outras formas de expressão como a visível na seguinte fotografia.

 

"Krempita"

"Krempita" é um pastel bastante popular pela Sérvia. Costuma ser feito num tabuleiro rectangular e depois é vendido às fatias quadrangulares. À primeira vista parece aquele pastel ao qual em Portugal se chama de "Russo" mas é bastante diferente. A parte folhada (tanto por cima como por baixo) é bastante fina. A parte central assemelhava na sua textura mais à textura das mousses que se compram já feitas e empacotadas nos supermercados.
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O tema NATO

Os bombardeamentos da NATO em 1999 e a guerra na Ex-Jugoslávia não são assuntos sobre os quais os sérvios gostem de falar. No entanto, enquanto a relação do povo sérvio com os antigos compatriotas (e vice-versa) se tem normalizado e no geral os sérvios recebam bem as pessoas vindas das outras antigas repúblicas jugoslavas (como tenho visto acontecer no hostel onde estou), em relação à NATO a aversão continua, como se poderá ver numa das fotografias abaixo colocadas onde o "N" de NATO tem uma feição algo "suástica". A outra fotografia é de um edifício bombardeado pela NATO e ainda por reabilitar em pleno centro de Belgrado.



 

Pita

Uma das coisas que caracteriza a pastelaria na Península Balcânica é a massa folhada. "Pita" é um pastel feito com esse tipo de massa em forma de cano. O recheio interior pode ser de vários sabores sendo o da fotografia feito de cereja.

 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Culinária para desenrascar XIV

O que fazer quando se trabalha num hostel e a única coisa que se tem são batatas, couve-flor, cebola e cenoura. Frita-se tudo junto!

 

O segundo vídeo sobre a minha experiência no SVE

Finalmente completei o vídeo que comecei a fazer sobre a minha experiência no SVE depois de ter chegado a casa a 7 de Setembro (e já lá vão quase 2 meses). Desisti de esperar pelas fotografias que alguém me ficou de enviar para acrescentar no vídeo. Este é o segundo vídeo sobre esta minha experiência. Foi já colocado no Youtube.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Visita a Vukovar

Sendo a cidade croata de Vukovar fronteira à Sérvia (o rio Danúbio é a fronteira) aproveitei o facto para ir e voltar a partir de Belgrado. Foi esta uma cidade particularmente martirizada pela guerra da independência (ou "Guerra Patriótica" como chamam os croatas) tendo sido perdida para os sérvios em 1991 (pouco depois da proclamação da independência) e feito parte da "Republika Srpska Krajina" (um estado formado pelos sérvios no território da antiga república jugoslava  da Croácia após a proclamação da independência croata e que durou até 1995). Depois de a Eslavónia Oriental ter ficado fisicamente separada do resto da "Republika Srpska Krajina" e a mesma ter acabado em 1995, depois de uma operação militar comandada por Gotovina (actualmente preso em Haia por crimes de guerra), esta parte da Croácia veio a ser restituída aos croatas em 1998.
Ficam as fotografias tiradas por mim neste link: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=601059&page=18 .

A "baklava"

"Baklava" é um doce trazido pelos otomanos para a Península Balcânica. A sua superfície é folhosa e pode ter formas diversas (rolo, fatia retangular, fatia triangular, etc). É bastante doce (principalmente o molho que é tipo o molho das rabanadas mas muito mais pegajoso) e nalgumas versões têm algum acrescento (como pedaços de amêndoas, por exemplo). Havia em Buje um café onde se vendia baklava mas na Croácia não é tão popular como o é na Sérvia (existem lojas dedicadas).